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O surpreendente papel da inflamação na saúde mental


Está ficando cada vez mais claro o papel da inflamação como uma das principais causas de uma gama enorme de condições psiquiátricas, da depressão ao vício, da ansiedade à esquizofrenia, do transtorno obsessivo-compulsivo ao autismo. Mas ainda há muito a ser pesquisado.

Geralmente pensamos que a inflamação faz parte da resposta imunológica normal do corpo a uma lesão física, infecção ou irritação. No caso de uma inflamação, o fluxo sanguíneo aumenta para uma região, a permeabilidade dos capilares locais é aumentada para facilitar a troca de fluidos e proteínas entre as células danificadas e sangue e glóbulos brancos são liberados para atacar microorganismos invasores.

Assim, a inflamação promove a recuperação da infecção ou dano físico e promove a cura.

A inflamação desencadeia um recuo psicológico, algo útil para doença de curto prazo, mas prejudicial à saúde mental em longo prazo.

O fascinante é que inflamação no corpo também causa alterações psicológicas.

De fato, a inflamação afeta os sistemas neurais e o comportamento de maneiras muito específicas, principalmente por interferir na motivação, atividade motora, excitação, ansiedade e sensibilidade à ameaça.

Um ‘comportamento de doença’ de curto prazo em resposta à inflamação tende a nos fazer reduzir a atividade e economizar energia quando estamos lesionados ou combatendo uma infecção.

Faz sentido principalmente do ponto de vista evolutivo.

No entanto, é fácil entender como a inflamação crônica pode sustentar distúrbios mentais por meio de efeitos de longo prazo em sistemas que sinalizam recompensa, lidam com ameaças e respostas a elas ou afetam a motivação.

Como mecanismo, a inflamação reduz os níveis de serotonina, dopamina e norepinefrina no cérebro, algo frequentemente correlacionadas com doença mental.

Além disso, a inflamação também reduz a produção do fator neurotrófico derivado do cérebro, algo essencial para a criação de novos neurônios e conexões sinápticas e crítico para a memória e pensamento flexível.

A inflamação é uma peça inesperada e muito importante do quebra-cabeça da saúde mental.

Dito isso, ainda é preciso estudar mais a relação precisa entre a inflamação e os distúrbios mentais, e ela com certeza não é a resposta para tudo.

É provável que a inflamação seja fator de risco geral que amplia a probabilidade da doença mental.

Ela é encontrada em níveis muito mais altos, em média, em pessoas portadoras de alguma doença mental.

A condição específica desencadeada, quer seja depressão, ansiedade ou outra, é determinada por outros fatores, como eventos da vida e seu momento, genética ou tendências pré-existentes. Dessa forma, se alguém for psicologicamente resistente é possível a pessoa ter inflamação geral, mas estar mentalmente saudável.

Em segundo lugar, usando a depressão como exemplo, apenas cerca de 35% a 50% das pessoas com depressão apresentam aumentos nos níveis de inflamação. Isso indica que a inflamação não pode ser "a causa exclusiva" da depressão ou de qualquer outra coisa. No máximo, ela pode ser a causa de alguma depressão, ou uma causa de alguma depressão em combinação com outros fatores.

Com a inflamação, até seu dentista pode ajudar.

A periodontite é uma das doenças mais comuns da humanidade e afeta quase metade da população dos EUA, por exemplo. Ela causa uma inflamação das gengivas e das estruturas que sustentam os dentes.

Embora a ligação entre a doença mental e uma saúde dental ruim tenha sido estabelecida há muito tempo, historicamente ela tem sido entendida como relacionada ao autocuidado e estilo de vida ruins, frequentemente observados em pessoas com problemas de saúde mental.

É comum apontar o dedo à negligência nos cuidados de saúde bucal, má alimentação, tabagismo, consumo de álcool e alterações induzidas pelo estresse na saliva. No entanto, agora está claro que a inflamação pode desempenhar um papel direto no desenvolvimento da doença mental, portanto há uma relação de mão dupla.

Como a doença gengival crônica e outras condições inflamatórias causam um aumento geral significativo e prolongado dos marcadores inflamatórios em todo o corpo, tratá-las também ajudará a melhorar a saúde mental.

Então, sim, uma ida ao dentista pode melhorar sua depressão e sua saúde mental em geral!

Tudo bem, mas você pode estar pensando o que isso significa para você.

A principal mensagem disso é que, embora os processos inflamatórios não expliquem todas as doenças mentais, é certo que reduzir inflamação é importante para a manutenção do bem-estar e para a recuperação da saúde mental.

Assim, gerencie causas específicas de inflamação:

Marque uma consulta e vá ao dentista!

Analise de perto também a gestão de quaisquer outras condições médicas causadoras de inflamação, como reumatismo e artrite.

O estrogênio protege contra a inflamação, portanto, mulheres na peri-menopausa ou na menopausa podem se beneficiar dele, e especialmente do controle da inflamação.

Considere perder peso se você estiver muito sobrepeso.

A obesidade está associada ao aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias.

Curiosamente, nossos conhecidos inimigos associados ao estilo de vida, o estresse, má alimentação, déficit de sono, sedentarismo, também podem levar à inflamação crônica.

De fato, o estresse psicológico é um dos gatilhos mais potentes da inflamação, possivelmente por causa do papel evolutivo na preparação do sistema imunológico para um possível ataque.

Qualquer que seja o ângulo de análise da saúde mental e doença, inevitavelmente voltamos à ideia de que o estilo de vida, ou seja, o controle do estresse, a dieta, o bom sono e o exercício, são as chaves para a saúde mental.

Gerencie fontes gerais de inflamação: É possível reduzir seu estresse? A vida pode ser mais administrável? Pensamentos e crenças que geram estresse podem ser alterados?

Melhore seu sono

Verificou-se que as perturbações do sono estão associadas ao aumento de marcadores de inflamação sistêmica. O aumento da inflamação sistêmica tem sido associado a um número de distúrbios, incluindo distúrbios metabólicos e neurológicos; Também desempenha um papel importante no envelhecimento. Assim, este estudo reforça a noção de que a falta de sono pode contribuir para o desenvolvimento de várias patologias.

Faça a gestão de seu estresse

A ioga, meditação e mindfulness aumentam o tom parassimpático, que inibe a inflamação.

Tenha uma dieta saudável. Reduza alimentos inflamatórios excessivamente processados, como açúcar, gorduras trans, carboidratos refinados, álcool e certos aditivos.

Duvide sempre de dietas e teorias a respeito de gordura que viram moda mas não são comprovadas.

O déficit do sono aumenta as citocinas pró-inflamatórias, assim esse é outro bom motivo para melhorar os hábitos de sono.

Exercite

Meros 20 minutos de exercício moderado podem reduzir a inflamação.

Receba uma massagem

Como um tratamento sem medicamentos, a massagem guarda o potencial de ajudar não apenas os atletas cansados, mas também aqueles que sofrem de inflamações relacionadas a condições crônicas, como artrite ou distrofia muscular. Embora a técnica costume ser bem aceita como uma terapia para aliviar tensões musculares e dores, os pesquisadores analisaram se ela também aciona sensores bioquímicos que podem enviar sinais de redução de inflamação nas células musculares. Além disso, a massagem sinaliza para o músculo para ele formar mais mitocôndrias, os centros de poder das células que desempenham um papel importante na cura.

Faça terapia

Traumas e a adversidades sofridos na infância também estão ligados a níveis mais altos de inflamação em adultos, possivelmente por meio de alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e seu efeito no sistema imunológico.

Assim, gerenciar as fontes de inflamação e aprender maneiras melhores de enfrentamento para reduzir o estresse podem ser muito benéficos para aqueles com histórico de trauma.

De modo geral, acreditamos que melhorar nosso estilo de vida básico seria algo bom de fazer, mas representa um peso adicional quando tentamos controlar a ansiedade, a depressão, o vício ou outras dificuldades.

Quase sempre acreditamos que passaremos a fazer isso depois de resolvermos nossos problemas.

Mas e se fizermos o oposto?

É difícil, mas é sim possível mudar hábitos de vida arraigados com a abordagem correta.

Em suma, a inflamação generalizada no corpo pode desencadear depressão e está associada à saúde mental ruim.

Tratar condições inflamatórias, como gengivite, reduz a carga inflamatória no corpo, então, sim, o tratamento odontológico pode ajudar a melhorar a depressão e a saúde mental em geral.

A inflamação também pode ser reduzida ao melhorar a gestão de outras condições médicas inflamatórias, ao alterar certos medicamentos e melhorar a dieta, por meio do exercício, do controle do estresse, da melhoria do sono, de massagens e da terapia.

E essas mudanças também ajudarão o bem-estar mental.

Fontes: Psychology Today, O Globo, Psicoativo

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