Porque zebras não têm úlceras, mas humanos sim (além de muitas outras doenças provocadas pelo estres
Quem me conhece sabe que há cerca de quatro anos embarquei em uma real aventura na vida, uma que tornou da vida uma real aventura para mim.
Quem lê uma frase dessas pensa que peguei uma mochila e saí para e pelo mundo. Não. O que fiz foi embalar minha mente e iniciar um processo de desconstrução de meu cérebro, quase literalmente. Depois de desconstruído, passei a reconstruir com elementos incríveis que, para mim, de longe superam o prazer de qualquer viagem física.
Nessa jornada, descobri que é, sim, possível controlar emoções, reduzir o estresse, lidar com ansiedade, buscar felicidade de dentro para fora, reduzir a acidez da vida, propagar gratidão, pedir perdão e perdoar e estar muito satisfeito com menos.
Estudei técnicas, fiz muitos cursos, especializei em um campo novo e, agora depois dos 50 anos de idade, estou pronto – e apto – para dar andamento a uma nova fase profissional, a de terapeuta holístico. Diria que tudo isso é prova que, ao contrário do que diz o velho ditado norte-americano, um cão velho consegue, sim, aprender truques novos. É surpreendente como práticas em princípio simples têm um profundo poder transformador.
Também nessa jornada de desconstrução de sistemas de crenças antigas e enraizadas, retomei a leitura. Foram dezenas e mais dezenas de publicações científicas que tratam de como buscar melhorar a saúde pessoal e, no processo, a de outros. Dentre os muitos títulos, encontrei um recentemente (embora tenha sido publicado há algum tempo) que provocou uma onda de confirmações daquilo que os místicos de todos os tempos já pregavam há milênios: a mente, uma entidade separada do corpo, tem poder infinito de criação, inclusive da doença e da saúde. Refiro-me especificamente ao curiosíssimo Porque as zebras não têm úlceras?, do premiado biólogo e neurologista Robert M. Sapolsky.
Então, quando é que a zebra fica estressada? Ora, quando vê o leão surgir na savana.
A partir desse momento, ela concentra todas as suas energias e capacidades para fugir do predador que se aproxima e, uma vez que escapa (se escapar), ela volta à mesma vida despreocupada que levava segundos antes da perseguição. É relativamente simples. Ela experimenta do problema dela no aqui, agora. O que há de vir depois é problema do depois.
Parece uma utopia para nós, seres humanos, já que nosso problema é conseguir alcançar esse tipo de comportamento mesmo na ausência do leão, e observe que não falo apenas do leão do fisco.
Nesse livro, Sapolsky apresenta cientificamente uma das mais consistentes teorias para lidar com o estresse, já que ele não tem cura (pois estamos programados para nos estressarmos diante das preocupações). Para nós resta, como as zebras, simplificar a vida.
Os seres humanos são programados para se preocupar com os problemas antes que eles aconteçam, e continuam a sofrer seus efeitos mesmo depois de terem acabado. Todo esse estresse gera úlceras, insônia, ansiedade, depressão, diminuição da libido e inúmeros outros problemas, complicações essas das quais animais como a zebra, apesar de toda a tensão que sofrem ao ver o leão, não sofrem.
Vale a leitura! O livro é redigido de forma muito bem-humorada, mas é um dos mais sérios estudos científicos sobre a qualidade de vida do ser humano que já tive a oportunidade de ler, e que meu leitor saiba que já li muitos.