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Como meditar na esteira mudou minha visão de exercitar em academia


Ao longo da vida sempre fui resistente com o conceito de “academia de ginástica”. Sempre dei preferência ao exercício individual, na rua, em caminhadas ou pedalando. E pedalei muito, em minha fiel escudeira “magrela” até o surgimento das ciclovias e, sobretudo, de uma enorme sensação de insegurança nas ruas, em parte até por causa do alarde insistente da mídia, em parte baseado em fatos reais de encontros involuntários com criminosos que deixaram marcas.

Minha resistência às “academias” está associada à ideia de entrar em uma sala repleta de máquinas cujo objetivo único é forçar o frequentador a fazer contínuos movimentos repetitivos, parado em um mesmo lugar e por um tempo que parece infindável e, por isso, desperdiçado. Também sempre incomodou o exageradamente alto som do “push-push” que inunda o ambiente (afinal, sou amante da música clássica e erudita), som esse que se funde com o do onipresente aparelho de TV que “fala” para ouvidos surdos. No conjunto, a repulsa superava a óbvia necessidade de manter o coração batendo bem, ainda que prescrita por todos os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e educadores físicos do planeta para a garantia de uma saúde integral.

Dúvida da importância de incluir na rotina uma dose de exercício para manter algum tipo de forma física e cardíaca nunca tive, mas sempre pairou a dúvida de como superar esse desgosto e substituí-lo por algo aceitável ou mesmo agradável, confortável. Que mecanismo mental eu poderia utilizar para criar uma rede neural nova que pudesse fazer frente a tamanha resistência pessoal?

Recentemente, ao tentar ajudar um amigo atleta a diminuir a ansiedade, estudei uma prática de meditação que poderia ser feita em movimento, enquanto ele corria. A receita era espetacularmente simples, entretanto, com base nas pesquisas que fiz parecia adequada e eficaz para o caso especifico desse amigo.

Depois de passar a ele a técnica, seus relatos da paz de espírito que ele sente ao praticar essa forma de meditação foram surpreendentes até para mim, alguém que medita há mais de 30 anos. Curiosamente, foi nessa hora que a luz acendeu em minha mente e percebi que se funciona tão bem para ele, por que não para mim? Era tão óbvio! Assim, fiz minha matrícula em um clube perto de casa e dei início ao ritual, mas agora com uma perspectiva mental diferente, criando novos caminhos em meu cérebro para, em vez de entrar com pessimismo e negatividade, praticar com alegria e, sobretudo, implementando uma sessão de meditação na própria esteira.

Se você tem resistência parecida com a minha ou se acha impossível meditar para reduzir seu estresse e ansiedade, mas pratica exercícios físicos regularmente, a receita para a integração corpo-mente em uma “academia” (de ginástica) é tão simples que pareceria ineficaz. Mas não é.

Faça assim: programe a esteira para uma velocidade um pouco abaixo de sua prática regular e inicie a caminhada. Foque em sua respiração por um minuto. Procure respirar no abdômen (diafragma) em vez de na parte alta de seu peito. Fazer isso reduzirá sua ansiedade de pronto. Depois, ainda focando mentalmente em sua respiração, aumente a velocidade àquela que prevalecerá durante o exercício, procure um ponto específico onde focar os olhos (ou utilize a visão periférica) e acompanhe o movimento de suas pernas, repetindo “esquerda-direita-esquerda-direita” mentalmente enquanto anda. É inevitável que sua mente correrá dali, fugirá para outros pensamentos. Cada vez que perceber que está pensando em algo diferente de seus passos e respiração, retome a atenção ao movimento das pernas e restabeleça o “esquerda-direita-esquerda-direita” mental, lembrando sempre de respirar no diafragma.

Depois de três meses empregando essa técnica, é curioso ter que confessar que minha visão mudou profundamente. Em dois minutos na esteira, o “push-push” e a “voz” da TV praticamente desaparecem, junto com a voz mental e repetida de pensamentos. Instala-se uma profunda paz de espírito e o tempo que antes parecia teimar em não passar voa. A tortura vira prazer.

Não acredita? Ora, experimente.

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