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"Somos o que pensamos" (Minha entrevista de "papo de domingo" com o Diário do Li


Darrell Champlin cursou a faculdade de antropologia sonhando quase todas as noites o mesmo sonho: avistava alguém em uma festa, a tirava de lá, abraçavam-se por longo tempo a ponto de sentir em suas mãos que as pontas dos cabelos desta pessoa estavam molhadas.

O sonho lhe perseguiu durante muitos anos, até que encontrou a dona dos cabelos molhados, hoje sua esposa. “Posso dizer, realmente, que encontrei a mulher dos meus sonhos”, brinca o antropólogo americano, radicado no Brasil, e atual professor universitário em Santos.

O fato é que a curiosidade sobre a forma como a mente humana age e influencia a vida – e os sonhos - das pessoas, levou Darrell a se dedicar a estudos relacionados à metafísica, física quântica, o entendimento dos sonhos e como os hábitos mentais influenciam na forma como as pessoas levam a vida.

Em meio as pesquisas, Darrell tornou-se um entusiasta das terapias holísticas e integrais que procuram fazer a comunhão entre corpo e mente. Neste Papo de Domingo, ele explica sobre como a meditação age no corpo humano e passeia sobre temas que destacam a importância de cuidar da mente.

DL – Além de antropólogo e professor, você rumou para a área das terapias holísticas. Como elas funcionam?

Darrell Champlin - Os processos holísticos e integrais procuram fazer a comunhão corpo e mente e trabalham com a importância de se internalizar. Existe uma série de coisas que acontecem no corpo que, na verdade, são resultados da nossa ação mental e não cerebral, vem de fora do corpo. A mente não faz parte da nossa biologia, ela é externa, ou seja, o que rege o nosso comportamento não é a biologia, é o ambiente externo sob o qual você tem pleno controle.

DL- Como são feitos os atendimentos da terapia holística e integrada?

Darrell - As terapias holísticas não buscam resolver apenas o sintoma, mas a raiz do sintoma, de onde vem essa problemática? Quando uma pessoa começa com os processos holísticos, acaba ganhando uma autoconfiança muito grande e com isso, os aspectos negativos dela começam a dar lugar aos aspectos positivos, mas para isso, é preciso se internalizar. Às vezes, as pessoas pensam que parar e se recolher é perda de tempo. Porém, esta prática é talvez a melhor coisa que podemos fazer para a gente mesmo porque isso melhora o nosso desempenho em todos os aspectos, espiritual, mental e até mesmo as relações com as outras pessoas. Melhora a saúde.

DL – Você é adepto da prática da meditação. Quais os benefícios que ela pode trazer ao praticante?

Darrell - A primeira grande mudança que a meditação faz, fisiologicamente, é reduzir a circulação dos hormônios de stress no sangue, como cortisol e adrenalina e existem pesquisas que mostram isso. Ela é comprovadamente eficaz na mudança do ambiente interno e externo, ou seja, você começa a gerenciar melhor as suas emoções quando começa a meditar. E existem várias formas de meditação, por exemplo, eu pratico na esteira.

DL - Meditar seria silenciar a mente?

Darrell – A meditação seria tentar evitar os pensamentos. Você pode chamar isso de silenciar a mente. É uma tarefa muito difícil.

DL – E como você faz isso estando na esteira?

Darrell - Quando eu estou na esteira eu estou pensando esquerda direita esquerda direita, como um mantra. Qual é a vantagem? Enquanto eu estou repetindo isso, meu cérebro não está pensando se eu tenho um projeto para entregar, se eu tenho que dar ração para o cachorro, se eu tenho dinheiro na minha conta.

DL - E essa falta momentânea de pensamentos causa que tipo de benefícios para a pessoa?

Darrell - Reduz, antes de mais nada, a emissão dos hormônios do stress, porque você não está pensando nos seus problemas. Quando se tem menos hormônio do stress no corpo, você automaticamente alimenta o seu sistema imunológico e à medida que você estimula a sua imunidade, você combate com mais eficiência desde um resfriado até uma dor crônica.

DL – Você também fala em ativismo quântico. O que é isso?

Darrell - Ativismo quântico significa promover conceitos que fazem a integração corpo e mente e que mostram que o caminho do ser humano não é o da destruição, mas o da convivência no mesmo habitat. Não podemos continuar neste processo de degradação do planeta.

DL - Quando você começou a estudar ativismo quântico?

Darrell - Conheci um cara chamado Amit Goswami, um físico indiano, ele é o maior especialista do mundo na área de ativismo quântico. Ele tem um livro publicado chamado Física da Alma que foi a minha introdução à física quântica. Ele me trouxe uma percepção tão profunda de como o corpo e a mente se relacionam e geram ou evitam doenças. Também me trouxe o vegetarianismo. A percepção que alguém teve que morrer para que eu pudesse consumir me fez mudar de ideia. Essa percepção da forma de como vivemos precisa ser aliada a espiritualidade, não podemos mais ignorar a nossa espiritualidade e nem o mundo pode continuar ignorando.

DL - A espiritualidade que você cita é ligada a algum tipo de religião?

Darrell - Eu conheço ateus mais espiritualizados que muitos religiosos. O espiritualismo não envolve religião, porém, as religiões envolvem espiritualidade. Então, acho eu que uma boa parte das religiões faz valer os conceitos quânticos e nem sabe disso. A amplitude da espiritualidade deriva da própria consciência extracorpórea. Essa consciência que existe fora do corpo é chamada consciência universal. Nesse sentido, o cérebro atua como se fosse um receptor de ondas de rádio e o seu comportamento é gerido por algo que vem de fora, que é a consciência.

DL - E o que molda a consciência de cada pessoa?

Darrell - Hábitos culturais, já que a gente não pode escapar deles. Essa talvez seja a primeira coisa que, de fato, influencia o nosso comportamento e os nossos pensamentos. Boa parte do comportamento que temos no dia a dia é comandado pelo cérebro, que gosta de refazer repetições e garantir o estado atual das coisas, por isso registramos tantos pensamentos repetidos. Temos em torno de 70 mil pensamentos por dia e desses 70 mil, quase 90% deles são repetidos, sendo uma enorme parcela deles negativos. Isso acontece porque estamos condicionados pelo mundo a ter desejos de coisas que não precisamos, medo de coisas que a gente não precisa temer, ansiedade por coisas que não necessariamente deveriam causar a ansiedade. E o cérebro é o órgão que faz questão de manter tudo igual, sempre.

DL- Por que? O cérebro é preguiçoso?

Darrell - Não, porque ele é eficiente. Se ele descobre um caminho que é eficaz da primeira vez, ele quer repetir da próxima vez aquela eficácia de comunicação de redes neurais.

DL- Por isso é difícil mudar os hábitos?

Darrell - É quase impossível para muita gente e normalmente os hábitos são autodestrutivos na nossa cultura. Somos muito influenciados pelo meio e comportamentalmente pela comodidade do cérebro.

DL - Se a pessoa começa a perceber que os hábitos dela estão atrapalhando a vida, é possível reprogramar o cérebro?

Darrell - Totalmente, mas dá trabalho. O cérebro vai sempre querer voltar aos mesmos padrões repetidos, mas do mesmo jeito que ele criou uma primeira rede, ele cria uma segunda. Em ressonâncias é possível ver que o cérebro cria vales e esses vales são criados pelos pensamentos, como se fossem rotas, caminhos. Mas, o comportamento pode ser alterado com novos hábitos e pela física quântica, que inclusive enfatiza o comportamento com uma visão mais tolerante, com mais compaixão e gratidão. Nós somos o que pensamos e somos influenciadores. Dizem que para cada mudança que você faz, cinco ou seis pessoas que te cercam serão influenciadas. E essas cinco ou seis pessoas mudarão também, isso se torna exponencial.

DL – Você acredita que as pessoas estão pensando mais em como a existência delas influência o planeta?

Darrell - Existe uma perspectiva do Gaswami de que em seis gerações, os seres humanos serão capazes de fazer com que a consciência universal possa se tornar uma em relação a preservação, tolerância e de progresso num sentido muito mais pessoal e emocional do que no sentido de ganancia e dinheiro.

DL - Como funciona a programação neurolinguística?

Darrell - Ela te ajuda a perceber quando o pensamento está indo para um ponto não favorável e substitui aquele pensamento por um novo. É uma ferramenta interessante para mudar o padrão de comportamento e o sistema de crença.

DL - O que você diria para as pessoas que não acreditam nos tratamentos alternativos?

Darrell - Na década de 70 uma pesquisadora chamada Candace Pert fez a primeira descoberta de como as emoções alteram o ambiente físico. Ela escreveu um livro chamado Moléculas das Emoções e foi nomeada para receber o prêmio Nobel por causa deste estudo. Ela descobriu que a alteração emocional do ambiente biológico é tão profunda que pode, em longo prazo, gerar doenças graves. Bruce Lipton também escreveu um livro que se chama Biologia da Crença, onde demonstra como o meio, o jeito como a gente vive e as nossas emoções influenciam no nosso ambiente celular, no nosso DNA. E o que determina se um gene vai ser acionado ou não, não é o próprio gene, é o ambiente onde ele está posicionado, chama-se ambiente celular. Tem um campo de estudo gigante chamado epigenética que trata disso. As pessoas que não acreditam, simplesmente, desconhecem toda a pesquisa e literatura do ramo.

DL - Já que aquietar a mente é um dos segredos para manter a saúde, o que as pessoas que estão passando por problemas muito sérios podem fazer para tentar amenizar a forma como enxergam a situação?

Darrell - Envolve uma série de processos. Nós vivemos numa sociedade onde estamos sujeitos constantemente àquele bombardeio de que sempre falta alguma coisa. Então, o primeiro passo para ajudar uma pessoa a enxergar uma outra perspectiva da vida dela é um bom período de conversa. Como ela reage aos pensamentos que têm e como fazer para mudar, já que tudo está no pensamento. Você é o que você pensa. Comece a trabalhar nisso. Por exemplo, quando uma pessoa consegue meditar pela primeira vez, ela se sente tão relaxada que consegue enxergar que há uma luz no fim do túnel.

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