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Saia do transe do desmerecimento e entre na consciência do valor pessoal


Nossa cultura valoriza tanto a realização e o “fazer” que alimenta uma verdadeira compulsão por ficarmos ocupados o tempo todo, jogando combustível em nosso vício por catalogar tudo que precisa ser feito e trabalhar continuamente e sem descanso para que seja possível concluir o mundo de atividades e ações dentro do prazo que, frequentemente, nós mesmos definimos. É como se estivéssemos em uma guerra conosco, como se num transe de desmerecimento. Falo transe porque perdemos, em algum lugar, a capacidade de reconhecer como em muitos momentos de nossos dias existe uma subcorrente em nossas mentes que insiste em nos convencer de que não bastamos como somos, de que não estamos concluindo todas as demandas impostas em nós como deveríamos e de que estamos errados o tempo todo.

Isso afeta todos os aspectos de nossas vidas, pois ao tentarmos recuperar o controle, nos empurramos adiante com ainda mais força para fazermos cada vez mais para que possamos nos sentir bem perante outros e, sobretudo, conosco.

E esse ciclo, instalado e ativo da hora que acordamos à hora que deitamos (e bem provavelmente em nossos sonhos) nunca para, causando um sofrimento penetrante. Julgamos nossos dias e a nós mesmos com base no número de itens que riscamos de uma lista. Fazemos isso em vez de, por exemplo, prestar atenção à presença ou ausência de boa vontade, alegria, gratidão ou felicidade em nossos corações ao interagirmos conosco e com aqueles que nos cercam.

No transe do desmerecimento, criamos estratégias para gerenciar a dor da inadequação. Embarcamos em um projeto de automelhoria atrás do outro. Nos contemos e ficamos em nossa zona de conforto em vez de arriscar o fracasso. Nos retraímos de nossa experiência do momento presente, criando aversões, desejos, apegos, ilusões, nos mantemos ocupados, nos tornamos nossos piores críticos, focamos nos defeitos dos outros. A dolorosa verdade é que essas estratégias todas simplesmente reforçam as próprias inseguranças que sustentam o transe do desmerecimento. Quanto mais ansiosamente repetimos histórias para nós mesmos sobre como poderemos fracassar o sobre aquilo que está errado conosco ou com outros, mais profundas as ranhuras, ou redes neurais, que geram sentimentos de deficiência. Toda vez que escondemos uma derrota, reforçamos o medo de sermos insuficientes. Quando buscamos impressionar ou superar outros, reforçamos a crença subjacente que não somos bons o suficiente exatamente como somos. Isto não significa que não possamos competir com outros de modo saudável, investir esforços incondicionais no trabalho que fazemos ou sentir prazer com nossa própria competência. Mas quando nossos esforços são impulsionados pelo medo de que somos defeituosos, nos aprofundamos cada vez mais no transe do desmerecimento.

Não é hora de sair desse transe? Que tal fazer esse exercício simples para reconhecer e, em última instância, eliminar esse processo?

  • Reconheça a agitação e o excesso de afazeres que está causando insatisfação, estresse e conflito em seu corpo e em sua mente. Dê um nome a essa agitação para poder se aproximar dela começar a domá-la de forma nominal.

  • Faça uma varredura de seu corpo, relaxando sinais óbvios de tensão. Convide a agitação para se retirar.

  • Seja gentil consigo por estar se sentindo como está. A vida é difícil. E essa agitação, insatisfação, uma sensação que sempre há mais para fazer é sempre presente. Dá uma sensação de vulnerabilidade.

  • Permita-se entrar e se acalmar na gentileza. Mantenha-a ativa por alguns instantes. Não tente mudar nada nem fazer nada ir embora. Cerque os sentimentos negativos com gentileza e compreensão, afinal as coisas são o que são. Permita-se reconhecer isso. Não fuja, não rejeite. Seja gentilmente curioso e amoroso.

  • Agora reconecte-se com sua intenção para o dia, para a vida. Pode ser a intenção de viver com um coração aberto, amoroso. Pode ser conectar com outros e estar presente com eles com base nesse amor. Pode ser aceitar a si mesmo com mais amor, como alguém que está fazendo o melhor que pode e precisa de tempo para pausar a vida e renovar seus papeis. Novamente, não estamos substituindo nada com essa intenção, nem rejeitando algo. Utilize suas próprias palavras e passe algum tempo absorvido nessa curiosidade gentil e amorosa.

  • Respire lenta e profundamente ao se preparar para dar andamento ao seu dia e procure manter essa clareza gentil e amorosa e o espaço que criou para continuar fazendo escolhas com relação a o que fazer (ou, sempre que possível, não fazer).

Que você seja feliz!

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